Educação
Novaodessenses enxergam conhecimento como chave para abrir novas portas profissionais

EJA da Educação Municipal de Nova Odessa realiza sonho de adultos e idosos

 Projeto gratuito já muda realidade de estudantes do Ensino Fundamental 1, que se esforçam e superam obstáculos para aprender a ler e a escrever; prefeitura dá suporte para ciclo de aprendizagem com estrutura e profissionais qualificados

Da Redação | Tribuna Liberal

Existe um programa que garante dignidade e acesso à cidadania de um pequeno número de moradores de Nova Odessa que, muitas vezes, passam despercebidos pela maioria da população. Mas que é amado por quem participa, e cuidado com todo o carinho pela equipe da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura. Trata-se da EJA (Educação de Jovens e Adultos) de Nova Odessa, cujas aulas noturnas e totalmente gratuitas são oferecidas na EMEB (Escola Municipal de Educação Básica) Professora Salime Abdo, no Jardim Alvorada.

As matrículas nesta modalidade de Ensino (conhecida antigamente como “supletivo”) podem ser feitas das 8h às 11h e das 13h às 16h, na própria EMEB. A escola fica na Rua dos Mognos, nº 336. No ato da inscrição, é necessário apresentar apenas RG e comprovantes de endereço e de escolaridade.

“Os alunos recebem jantar na escola, já que muitos vêm diretamente do trabalho. Eles também têm transporte gratuito e material escolar gratuito entregue pela prefeitura”, explicou a diretora de Ensino Fundamental da Rede Municipal, Denile Tupynamba Marin.

SONHOS

Em Nova Odessa, o EJA tem transformado a vida de muitos munícipes ainda que não tenham completado o Ensino Fundamental 1 (que vai do 1º ao 5º ano, ou seja, o antigo “Primário”). E todos eles têm um sonho em comum: aprender a ler e a escrever.

Marco Antônio Jorge, de 44 anos, morou por muito tempo em cidade rural, então via necessidade de estudar porque sempre trabalhou na roça. “Uma vez até fui atrás, mas como era muito longe, acabei abandonando. Agora que estou casado, minha esposa me incentivou a voltar a estudar e procurar a turma do EJA. Graças a Deus, depois que entrei no EJA, tive uma nova oportunidade de emprego e estou trabalhando como jardineiro”, relatou.

Já Simone de Oliveira, de 46 anos, também nunca estudou. “Eu nunca estudei. Só estudei seis meses em outra cidade. Agora estou em Nova Odessa e fiquei sabendo que tinha o EJA e me matriculei. Quero aprender a ler porque faço parte de um grupo na minha igreja e trabalho com as crianças. Meu sonho é aprender a ler para ensinar para eles as historinhas da Bíblia, é isso que eu quero. Aconselho que quem quer estudar, que venha. A professora Marta, com muita paciência e dedicação, me ensinou muita coisa, pois antes eu não sabia nem pegar no lápis direito. Já aprendi muitas coisas e estou aprendendo a ler”, declarou.

“Hoje foi meu primeiro dia de EJA”, disse Damiana Silva, que se sentiu muito acolhida em seu primeiro dia de aula. “O que me motivou a retornar é eu aprender a ler e escrever, assinar meu nome, ir aos lugares e ver o que está escrito, como no supermercado, por exemplo, e ver a validade das coisas. Eu sinto muita vergonha de pedir ajuda. Já me perdi em lugares por não saber ler e entrei em desespero. Todas as minhas irmãs sabem ler e escrever e têm uma profissão, só eu que não”, relatou.

Evaldo Fernandes de Souza, de 54 anos, acredita que o conhecimento é a chave para abrir muitas portas em sua vida. “Meu sonho é alcançar meus objetivos para me desenvolver melhor e abrir um leque de conhecimento. As oportunidades aparecem através dos estudos. Depois que a gente começa a estudar, nossa mente abre muito. Não ficamos mais dependentes dos outros para ler as coisas e também vamos poder ajudar quem precisa ser ajudado. Aprendi bastante coisa e sei escrever várias coisas. Onde trabalho já consigo ler bastante também”, disse.

Para Maria Francisca Santos, de 68 anos, a vida está apenas começando. “Meu sonho hoje é estudar até quando eu puder, talvez até chegar em uma faculdade, além de aprender a ler e escrever, pois não tive essa chance no passado. Fui criada e criei minha família na roça. Como já sou viúva e meus filhos estão crescidos, chegou a hora de cuidar de mim, e por isso comecei a estudar. Nunca tem idade para aprender, basta ter força de vontade e ir até a escola, procurar pessoas dispostas a te ajudarem. Eu tenho fé que vou aprender a ler e escrever. Mudou muito minha vida depois que comecei a estudar. É muito gratificante. Quem eu puder convidar para vir, eu vou convidar com certeza”, finalizou.


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