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ETE Jatobá opera com vazão 34% maior que previsto no projeto original

Arsesp aponta falhas operacionais da Sabesp na gestão da ETE Hortolândia

Relatório identifica problemas como manejo inadequado do lodo, falta de dragagem e operação acima da capacidade, que contribuem com mau cheiro; equipamentos deteriorados e vazamentos agravam cenário, segundo órgão estadual

Um relatório técnico da Agência Reguladora dos Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) revelou deficiências na operação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Jatobá, em Hortolândia, administrada pela Sabesp.

Entre as principais irregularidades apontadas pelo órgão estão o manejo inadequado do lodo, falta de manutenção e operação acima da capacidade projetada, fatores que têm provocado odores e impactos negativos à qualidade de vida dos moradores de vários bairros ao entorno.

De acordo com o documento, há anos não é realizado o processo de dragagem – etapa fundamental para o bom funcionamento da estação. O relatório ainda indica que tubulações e equipamentos apresentam sinais de desgaste e falta de manutenção adequada, o que contribui para vazamentos e eleva os riscos de falhas operacionais.

Atualmente, a estação está funcionando com uma vazão acima do recomendado em seu projeto original. A Arsesp identificou que a estação está operando com uma vazão de 422 litros por segundo, valor consideravelmente acima do recomendado pelo projeto original, que previa capacidade para 315 litros por segundo.

O estudo destaca que a emissão de odores é consequência direta de má gestão operacional, sobretudo de negligência no manejo de lodo, caracterizando uma prestação incorreta do serviço. Entre as recomendações da Arsesp estão a regularização imediata da dragagem, a modernização das estruturas e a adoção de medidas emergenciais para reduzir os impactos ambientais.

O documento também aponta que parte dos odores identificados nas proximidades da estação pode ter origem na Estação Elevatória de Esgoto, instalada dentro do complexo. Ali, o esgoto bruto é acumulado e movimentado em tanques de retenção antes do bombeamento, ambiente propício à decomposição da matéria orgânica e à formação de gases com odor desagradável.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) já aplicou multas que superam os R$ 3 milhões contra a Sabesp pelos problemas operacionais e ambientais da ETE. A situação da ETE já foi alvo de protestos de moradores e cobranças da Prefeitura de Hortolândia.

No início de julho, a prefeitura e a Sabesp anunciaram uma série de investimentos para transformar a infraestrutura de saneamento da cidade. O pacote de obras, que totaliza R$ 256 milhões até 2029, foi detalhado durante reunião entre o prefeito Zezé Gomes e representantes da Companhia. O encontro também teve como foco a situação emergencial da ETE.

O prefeito Zezé Gomes foi enfático ao cobrar providências urgentes para resolver o problema de odor gerado pela estação. A demanda, que vem afetando a qualidade de vida dos moradores do entorno, ganhou prioridade no novo contrato firmado entre a prefeitura e a Sabesp. Em resposta à solicitação do prefeito, a companhia garantiu a execução de obras de modernização e revitalização na unidade, com investimento superior a R$ 21 milhões.

As obras na ETE Jatobá começaram em março e têm duração prevista de seis meses. Entre as intervenções, estão a remoção de lodo de seis lagoas de polimento e decantação, a limpeza das três lagoas de aeração com instalação de novos difusores de ar, e a substituição de equipamentos como sopradores, linhas de ar, sensores e instrumentação. Também estão sendo implantadas melhorias acústicas, como portas com isolamento de som e atenuadores de ruído. A Sabesp instalou um sistema de mitigação de odores com uso de produtos químicos e criou uma cortina vegetal no entorno da ETE para reduzir o impacto ambiental na vizinhança.

Além da intervenção na ETE Jatobá, a Sabesp anunciou que investirá R$ 256 milhões em obras de saneamento em Hortolândia até 2029. Desse total, R$ 46,6 milhões estão em execução.

RELATÓRIO DA ARSESP RATIFICA FALTA DE INVESTIMENTOS E REVELA NEGLIGÊNCIA, AFIRMA OAB LOCAL

Presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB Hortolândia, Denilson Cazuza, afirmou que o relatório da Arsesp aponta falta de investimentos na ETE nos últimos anos e que houve “negligência técnica e operacional”.

“O relatório da Arsesp ratifica aquilo que toda a população e os órgãos públicos já tinham detectado e já tinham certeza que era falta de investimento na estação de tratamento. Desde 2017, nós temos esse problema na cidade e nunca foi feito investimento operacional, investimento técnico e manutenção. Então, falta manutenção há mais de dez anos, falta investimento, com isso gerou esse gargalo e acabou impactando negativamente na geração de odores para basicamente metade da cidade de Hortolândia. A operadora Sabesp diz que está fazendo manutenção e que a população tem que aguentar uns meses, mas o decreto estadual, a lei proíbe a emissão de odor fora dos limites da estação de tratamento (...) foi um relatório muito fiel à realidade, ele fala em negligência técnica e operacional da Sabesp”, afirmou Cazuza. A vistoria da Arsesp para produção do relatório foi realizada em 24 de junho.

A crescente insatisfação de moradores dos bairros próximos à ETE Jatobá, em Hortolândia, motivou uma reunião promovida pela Arsesp antes da realização da fiscalização técnica in loco no complexo. O principal ponto discutido foi o forte e recorrente mau cheiro emitido pela ETE, que tem gerado sérios impactos na qualidade de vida da população.

PEDIDO DE CLODOALDO

O relatório cita que, preocupado com os possíveis danos à saúde da população, especialmente entre crianças e idosos, o vereador Clodoaldo Santos da Silva (Podemos), solicitou formalmente que fosse emitido um laudo técnico sobre a qualidade do ar na região da ETE.         

SABESP DIZ QUE ADOTOU ‘SÉRIE DE MEDIDAS’

A Sabesp informou que adotou uma série de medidas para melhorar o desempenho da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em Hortolândia, atendendo aos pontos identificados pela Arsesp. Algumas das iniciativas foram entregues e outras seguem sendo executadas.

As ações incluem a revisão de processos operacionais para aumentar a eficiência, além da execução de obras estruturais, como a substituição de tubulações e limpeza das lagoas de estabilização, que devem ser concluídas em setembro deste ano. O investimento é de R$ 28 milhões.

“Além disso, a Sabesp já está em fase de contratações para construir uma nova ETE em Hortolândia, com tecnologia mais moderna e maior capacidade de tratamento, ampliando a segurança operacional e o controle de odores. As obras terão início em 2026. A Companhia reforça que essas ações estão em conformidade com as recomendações da Arsesp e reafirma seu compromisso com a qualidade dos serviços prestados, o respeito ao meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida da população de Hortolândia”, disse, em nota.

ZEZÉ GOMES BUSCA SOLUÇÃO DEFINITIVA PARA MAU CHEIRO DA ETE  

O prefeito Zezé Gomes (Republicanos) esteve nesta terça-feira (5), na capital paulista para tratar de um dos problemas ambientais mais antigos e incômodos enfrentados pela população de Hortolândia: o mau cheiro proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), operada pela Sabesp, localizada nas imediações do Condomínio Jatobá. Acompanhado do deputado estadual Rafa Zimbaldi, o prefeito foi recebido pela secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, para cobrar providências imediatas e a elaboração de um plano de ação detalhado por parte da companhia de saneamento.

Durante o encontro, ficou definida a realização de uma reunião técnica envolvendo representantes da Prefeitura de Hortolândia, do Governo do Estado, da Sabesp, da Arsesp, e de órgãos ambientais para discutir soluções urgentes e definitivas para o problema, que se arrasta há anos. 

Prefeito esteve com secretária estadual e deputado Rafa Zimbaldi para articular reunião com órgãos ambientais

A iniciativa da prefeitura de intensificar o diálogo com o Estado e com a Sabesp ganhou ainda mais força com a divulgação de um relatório contundente da Arsesp. Segundo o documento, a ETE de Hortolândia apresenta falhas graves de operação, que resultam na emissão de odores incômodos. O relatório também reforça a necessidade urgente de reestruturação da ETE, pois sua capacidade operacional não acompanhou o crescimento da cidade nos últimos anos.

Na reunião, o prefeito Zezé Gomes também destacou a importância de detalhar o plano de investimentos da Sabesp para Hortolândia, que prevê a aplicação de R$ 256 milhões em obras de saneamento básico até o ano de 2029. “É importante destacar quais obras estão previstas, os prazos e as metas, tudo de forma transparente. O povo de Hortolândia merece respeito e qualidade de vida”, afirmou Zezé.

O deputado Rafa Zimbaldi, parceiro da administração municipal em diversas pautas, reforçou o compromisso de acompanhar de perto as ações da Sabesp na cidade e cobrar celeridade na execução das melhorias. “Não podemos permitir que a população continue sofrendo por falta de uma gestão eficiente. Estamos fiscalizando e vamos continuar a cobrar em cada etapa desse processo”.

A expectativa é que a reunião técnica entre prefeitura, Sabesp e demais órgãos seja agendada nos próximos dias. Para o prefeito Zezé, esse é um passo importante na busca por uma solução definitiva. “Nosso governo é feito com escuta, compromisso e ação. Vamos continuar firmes para garantir um ambiente mais saudável para todos os hortolandenses.”, concluiu.

 


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