Arsesp aponta falhas operacionais da Sabesp na gestão da ETE Hortolândia
Relatório identifica problemas como manejo inadequado do
lodo, falta de dragagem e operação acima da capacidade, que contribuem com mau
cheiro; equipamentos deteriorados e vazamentos agravam cenário, segundo órgão
estadual
Um relatório técnico da Agência Reguladora dos Serviços
Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) revelou deficiências na operação da
Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Jatobá, em Hortolândia, administrada pela
Sabesp.
Entre as principais irregularidades apontadas pelo órgão
estão o manejo inadequado do lodo, falta de manutenção e operação acima da
capacidade projetada, fatores que têm provocado odores e impactos negativos à
qualidade de vida dos moradores de vários bairros ao entorno.
De acordo com o documento, há anos não é realizado o
processo de dragagem – etapa fundamental para o bom funcionamento da estação. O
relatório ainda indica que tubulações e equipamentos apresentam sinais de
desgaste e falta de manutenção adequada, o que contribui para vazamentos e
eleva os riscos de falhas operacionais.
Atualmente, a estação está funcionando com uma vazão acima
do recomendado em seu projeto original. A Arsesp identificou que a estação está
operando com uma vazão de 422 litros por segundo, valor consideravelmente acima
do recomendado pelo projeto original, que previa capacidade para 315 litros por
segundo.
O estudo destaca que a emissão de odores é consequência
direta de má gestão operacional, sobretudo de negligência no manejo de lodo,
caracterizando uma prestação incorreta do serviço. Entre as recomendações da
Arsesp estão a regularização imediata da dragagem, a modernização das
estruturas e a adoção de medidas emergenciais para reduzir os impactos
ambientais.
O documento também aponta que parte dos odores identificados
nas proximidades da estação pode ter origem na Estação Elevatória de Esgoto,
instalada dentro do complexo. Ali, o esgoto bruto é acumulado e movimentado em
tanques de retenção antes do bombeamento, ambiente propício à decomposição da
matéria orgânica e à formação de gases com odor desagradável.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) já
aplicou multas que superam os R$ 3 milhões contra a Sabesp pelos problemas
operacionais e ambientais da ETE. A situação da ETE já foi alvo de protestos de
moradores e cobranças da Prefeitura de Hortolândia.
No início de julho, a prefeitura e a Sabesp anunciaram uma série de investimentos para transformar a infraestrutura de saneamento da cidade. O pacote de obras, que totaliza R$ 256 milhões até 2029, foi detalhado durante reunião entre o prefeito Zezé Gomes e representantes da Companhia. O encontro também teve como foco a situação emergencial da ETE.
O prefeito Zezé Gomes foi enfático ao cobrar providências
urgentes para resolver o problema de odor gerado pela estação. A demanda, que
vem afetando a qualidade de vida dos moradores do entorno, ganhou prioridade no
novo contrato firmado entre a prefeitura e a Sabesp. Em resposta à solicitação
do prefeito, a companhia garantiu a execução de obras de modernização e
revitalização na unidade, com investimento superior a R$ 21 milhões.
As obras na ETE Jatobá começaram em março e têm duração
prevista de seis meses. Entre as intervenções, estão a remoção de lodo de seis
lagoas de polimento e decantação, a limpeza das três lagoas de aeração com
instalação de novos difusores de ar, e a substituição de equipamentos como
sopradores, linhas de ar, sensores e instrumentação. Também estão sendo
implantadas melhorias acústicas, como portas com isolamento de som e
atenuadores de ruído. A Sabesp instalou um sistema de mitigação de odores com uso
de produtos químicos e criou uma cortina vegetal no entorno da ETE para reduzir
o impacto ambiental na vizinhança.
Além da intervenção na ETE Jatobá, a Sabesp anunciou que
investirá R$ 256 milhões em obras de saneamento em Hortolândia até 2029. Desse
total, R$ 46,6 milhões estão em execução.
RELATÓRIO DA ARSESP RATIFICA FALTA DE INVESTIMENTOS E REVELA
NEGLIGÊNCIA, AFIRMA OAB LOCAL
Presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB Hortolândia,
Denilson Cazuza, afirmou que o relatório da Arsesp aponta falta de
investimentos na ETE nos últimos anos e que houve “negligência técnica e
operacional”.
“O relatório da Arsesp ratifica aquilo que toda a população
e os órgãos públicos já tinham detectado e já tinham certeza que era falta de
investimento na estação de tratamento. Desde 2017, nós temos esse problema na
cidade e nunca foi feito investimento operacional, investimento técnico e
manutenção. Então, falta manutenção há mais de dez anos, falta investimento,
com isso gerou esse gargalo e acabou impactando negativamente na geração de
odores para basicamente metade da cidade de Hortolândia. A operadora Sabesp diz
que está fazendo manutenção e que a população tem que aguentar uns meses, mas o
decreto estadual, a lei proíbe a emissão de odor fora dos limites da estação de
tratamento (...) foi um relatório muito fiel à realidade, ele fala em
negligência técnica e operacional da Sabesp”, afirmou Cazuza. A vistoria da
Arsesp para produção do relatório foi realizada em 24 de junho.
A crescente insatisfação de moradores dos bairros próximos à ETE Jatobá, em Hortolândia, motivou uma reunião promovida pela Arsesp antes da realização da fiscalização técnica in loco no complexo. O principal ponto discutido foi o forte e recorrente mau cheiro emitido pela ETE, que tem gerado sérios impactos na qualidade de vida da população.
PEDIDO DE CLODOALDO
O relatório cita que, preocupado com os possíveis danos à saúde da população, especialmente entre crianças e idosos, o vereador Clodoaldo Santos da Silva (Podemos), solicitou formalmente que fosse emitido um laudo técnico sobre a qualidade do ar na região da ETE.
SABESP DIZ QUE ADOTOU ‘SÉRIE DE MEDIDAS’
A Sabesp informou que adotou uma série de medidas para
melhorar o desempenho da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em Hortolândia,
atendendo aos pontos identificados pela Arsesp. Algumas das iniciativas foram
entregues e outras seguem sendo executadas.
As ações incluem a revisão de processos operacionais para
aumentar a eficiência, além da execução de obras estruturais, como a
substituição de tubulações e limpeza das lagoas de estabilização, que devem ser
concluídas em setembro deste ano. O investimento é de R$ 28 milhões.
“Além disso, a Sabesp já está em fase de contratações para construir uma nova ETE em Hortolândia, com tecnologia mais moderna e maior capacidade de tratamento, ampliando a segurança operacional e o controle de odores. As obras terão início em 2026. A Companhia reforça que essas ações estão em conformidade com as recomendações da Arsesp e reafirma seu compromisso com a qualidade dos serviços prestados, o respeito ao meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida da população de Hortolândia”, disse, em nota.
ZEZÉ GOMES BUSCA SOLUÇÃO DEFINITIVA PARA MAU CHEIRO DA ETE
O prefeito Zezé Gomes (Republicanos) esteve nesta
terça-feira (5), na capital paulista para tratar de um dos problemas ambientais
mais antigos e incômodos enfrentados pela população de Hortolândia: o mau
cheiro proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), operada pela
Sabesp, localizada nas imediações do Condomínio Jatobá. Acompanhado do deputado
estadual Rafa Zimbaldi, o prefeito foi recebido pela secretária estadual de
Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, para cobrar
providências imediatas e a elaboração de um plano de ação detalhado por parte
da companhia de saneamento.
Durante o encontro, ficou definida a realização de uma reunião técnica envolvendo representantes da Prefeitura de Hortolândia, do Governo do Estado, da Sabesp, da Arsesp, e de órgãos ambientais para discutir soluções urgentes e definitivas para o problema, que se arrasta há anos.
Prefeito esteve com secretária estadual e deputado Rafa Zimbaldi
para articular reunião com órgãos ambientais
A iniciativa da prefeitura de intensificar o diálogo com o Estado e com a Sabesp ganhou ainda mais força com a divulgação de um relatório contundente da Arsesp. Segundo o documento, a ETE de Hortolândia apresenta falhas graves de operação, que resultam na emissão de odores incômodos. O relatório também reforça a necessidade urgente de reestruturação da ETE, pois sua capacidade operacional não acompanhou o crescimento da cidade nos últimos anos.
Na reunião, o prefeito Zezé Gomes também destacou a
importância de detalhar o plano de investimentos da Sabesp para Hortolândia,
que prevê a aplicação de R$ 256 milhões em obras de saneamento básico até o ano
de 2029. “É importante destacar quais obras estão previstas, os prazos e as
metas, tudo de forma transparente. O povo de Hortolândia merece respeito e
qualidade de vida”, afirmou Zezé.
O deputado Rafa Zimbaldi, parceiro da administração
municipal em diversas pautas, reforçou o compromisso de acompanhar de perto as
ações da Sabesp na cidade e cobrar celeridade na execução das melhorias. “Não
podemos permitir que a população continue sofrendo por falta de uma gestão
eficiente. Estamos fiscalizando e vamos continuar a cobrar em cada etapa desse
processo”.
A expectativa é que a reunião técnica entre prefeitura,
Sabesp e demais órgãos seja agendada nos próximos dias. Para o prefeito Zezé,
esse é um passo importante na busca por uma solução definitiva. “Nosso governo
é feito com escuta, compromisso e ação. Vamos continuar firmes para garantir um
ambiente mais saudável para todos os hortolandenses.”, concluiu.
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