Moradora ganha indenização por atraso na entrega de apartamento em Paulínia
A Justiça de Paulínia condenou a construtora Domus Populi Empreendimentos e Construções S/A ao pagamento de indenização por danos morais para uma compradora de imóvel em razão do atraso na entrega do apartamento adquirido no empreendimento Residencial Santa Clara.
De acordo com a sentença da 1ª Vara Cível de Paulínia, as
partes firmaram contrato de compra e venda em 12 de julho de 2018, com previsão
contratual de entrega da unidade até 30 de outubro de 2020. O contrato ainda
previa uma cláusula de tolerância de 180 dias, estendendo o prazo final para 30
de abril de 2021.
Entretanto, conforme os autos, a autora recebeu as chaves
apenas em 24 de fevereiro de 2022, cerca de dez meses após o vencimento do
prazo máximo permitido. A moradora alegou prejuízos financeiros e psicológicos
em decorrência do atraso na entrega do imóvel, requerendo indenização por danos
materiais e morais.
A construtora, em sua defesa, tentou justificar o atraso com
base em eventos considerados fortuitos, como impactos da pandemia de COVID-19 e
problemas com fornecedores. Contudo, a Justiça rejeitou esses argumentos,
destacando que a pandemia não interrompeu as atividades da construção civil,
consideradas essenciais por decretos estaduais e federais. Além disso, ponderou
que imprevistos como escassez de materiais e mão de obra são riscos inerentes à
atividade da incorporadora, devendo estar devidamente contemplados no prazo de
tolerância contratual.
Citando jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJ-SP), a Justiça local reconheceu que o inadimplemento contratual gerou
prejuízos presumidos à autora, razão pela qual fixou indenização por lucros
cessantes. O valor foi estipulado em 0,5% do valor atualizado do contrato por
mês de atraso — considerando o período entre 30 de abril de 2021 e 24 de
fevereiro de 2022. Além dos danos materiais, o juiz entendeu que, no caso
concreto, o atraso superou o “mero aborrecimento”.
Considerando o direito à moradia, a expectativa frustrada da
moradora e a demora prolongada, a sentença também reconheceu o direito à
compensação por dano moral. O valor da indenização foi fixado em R$ 10 mil, com
correção monetária e juros. A construtora pode recorrer da decisão.
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