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Secretaria de Habitação tenta ajudar em meio às ações de despejo no São Sebastião

Reintegração de posse ameaça mais de 200 moradores em Hortolândia

Prefeitura informou que acompanha situação e busca soluções junto à Defensoria Pública, Ministério Público e Justiça, apesar de não ser parte no processo; empresas cobram até R$ 190 mil para evitar despejos, segundo relato de populares

Mais de 200 moradores do Jardim São Sebastião, em Hortolândia, estão sendo impactados por ações de reintegração de posse que podem despejá-los das residências onde vivem há anos. Os processos judiciais, movidos por empresas que compraram os direitos creditórios de imóveis de uma antiga construtora junto à Caixa Econômica Federal, têm gerado manifestações de moradores.

Segundo relatos, as intimações chegaram de “forma abrupta e sem aviso prévio”, pegando famílias de surpresa. Muitas receberam notificações para deixar as casas até o dia 28 de junho, sob pena de despejo, a menos que paguem valores que chegam a R$ 190 mil à vista, com exigência de entrada de R$ 70 mil.

Um dos líderes comunitários, Mário Silva, considerou o caso como “abuso”. “Nós moradores do Jd. São Sebastião, fomos vítimas de um golpe, pois procuramos a Caixa Econômica Federal (CEF) em diversas oportunidades pleiteando o financiamento das nossas moradias, sem êxito. A própria CEF na ocasião me informou que era pra ficar na moradia e aguardar um chamamento da própria Caixa/Engea para fazermos o financiamento. Ao invés disso, a Engea vendeu a dívida para investidores que agora querem cobrar preços abusivos, inflacionados em quase 2.000%, isso é um absurdo. Não estão respeitando nem o tempo que estamos de posse dos imóveis, ou seja, mais de 30 anos, o IPTU está pago em dia. Alguém tem que frear esse abuso”, disse.

GRAVIDADE SOCIAL

A Prefeitura de Hortolândia explicou que acompanha o caso com atenção, apesar de não ser parte no processo judicial. Em nota oficial, reconheceu a gravidade social da situação e informou que tem intermediado diálogos com a Defensoria Pública, o Ministério Público e o Judiciário, além de realizar levantamento social das famílias em situação de vulnerabilidade para possível inclusão em programas habitacionais.

A administração municipal também avalia a viabilidade técnica e jurídica de uma eventual regularização fundiária da área, embora ressalte que isso depende de respaldo legal. Os moradores foram até a Câmara Municipal solicitar ajuda nesta semana.

“A Prefeitura de Hortolândia informa que acompanha com atenção a situação envolvendo moradores do Jardim São Sebastião com relação às ordens de reintegração de posse. As ações judiciais em curso foram movidas por empresas que adquiriram os direitos creditórios da antiga construtora responsável pelo empreendimento, junto à Caixa Econômica Federal. A área é de domínio particular, cuja posse foi contestada judicialmente. A Administração Municipal não é parte no processo, mas reconhece a gravidade social do caso e tem buscado intermediar soluções que preservem os direitos das famílias”, explicou, em nota.

“A Prefeitura reafirma o compromisso em ouvir a população, esclarecer os fatos e buscar soluções para mitigar os impactos sociais decorrentes dessa situação por meio de diálogo permanente com todas as partes envolvidas, incluindo Defensoria Pública, Ministério Público e Poder Judiciário, além de realizar levantamento social das famílias afetadas, com atenção especial às que se encontram em situação de vulnerabilidade, para inclusão dos moradores nos programas habitacionais do município, conforme critérios legais e disponibilidade, além da realização de estudo técnico preliminar sobre a viabilidade de eventual regularização fundiária, caso haja respaldo legal”, finaliza.

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