Acusado de matar idoso com golpes de enxada é condenado em Sumaré
Réu foi considerado culpado por homicídio triplamente
qualificado e ocultação de cadáver durante júri popular e pegou 26 anos de
reclusão em regime fechado; vítima de 75 anos dormia quando foi atacada no Jd.
Viel em setembro de 2023
O Tribunal do Júri da 1ª Vara Criminal de Sumaré acaba de
condenar Joel Gonçalves do Nascimento a 26 anos de reclusão em regime fechado
pelo assassinato de Edézio Tomé dos Santos, de 75 anos. O crime, ocorrido na
madrugada de 27 de setembro de 2023, chamou a atenção pela crueldade: o réu
atacou o idoso com 19 golpes de enxada enquanto ele dormia no quintal da casa
onde trabalhava como caseiro, no Jardim Viel.
A sentença reconheceu o crime como homicídio triplamente
qualificado – por motivo torpe, meio cruel e com recurso que dificultou a
defesa da vítima – e também incluiu a ocultação de cadáver, já que o corpo foi
transportado e abandonado pelo acusado em uma área de mata na zona rural de
Passos (MG), a mais de 300 quilômetros de Sumaré.
Durante o julgamento, que durou horas, a Promotoria e os
advogados de acusação reforçaram o grau de frieza e violência empregado no
assassinato. Segundo o Ministério Público, a motivação teria sido uma dívida de
R$ 2 mil que Edézio supostamente devia ao réu. Aproveitando que o idoso dormia
fora de casa por conta do calor, Joel iniciou o ataque com uma enxada,
concentrando os golpes na cabeça da vítima. A ferramenta chegou a quebrar
durante o crime, e ele continuou as agressões usando o cabo da enxada e,
depois, uma picareta.
Câmeras de segurança registraram toda a ação, embora as
imagens tenham sido posteriormente apagadas. Os registros foram entregues à
polícia pela família da vítima. Após o crime, o acusado colocou o corpo na
carroceria do caminhão que dirigia e seguiu viagem para a Bahia, onde
realizaria entregas. Durante o trajeto, parou às margens da Rodovia MG-050, em
Passos (MG), e descartou o cadáver em uma mata fechada.
Inicialmente tratado como desaparecimento, o caso teve
reviravolta após a filha da vítima, Regina Tomé dos Santos, entregar à polícia
os vídeos do circuito interno. Familiares do próprio acusado o reconheceram nas
imagens. O corpo de Edézio foi encontrado dias depois, em estado avançado de
decomposição, o que exigiu exames de DNA para identificação. O velório só foi
possível 120 dias após o assassinato.
Preso temporariamente, o acusado teve em seguida a prisão
convertida para preventiva e confessou o crime, indicando o local onde havia
ocultado o corpo.
“Joel deu diversos golpes de enxada contra o meu pai,
enquanto ele dormia. As câmeras registraram tudo, inclusive o momento em que o
cabo quebra e ele pega uma picareta para continuar os golpes. Depois, colocou o
corpo no caminhão e o jogou em Minas. Isso é desumano”, declarou Regina.
O assistente de acusação no júri, advogado Adrian Piranga,
disse que a decisão foi coerente com a gravidade dos fatos. “O julgamento foi
justo. O crime foi cometido com requintes de crueldade, desumanidade e extrema
atrocidade contra um idoso indefeso. O réu não tem condições de viver em
sociedade”, afirmou.
Com a condenação a 26 anos de reclusão, o réu deverá cumprir a pena em regime inicial fechado. Para a família, a condenação é um passo importante no longo processo de luto. A família afirmou que ainda busca forças para lidar com a ausência de Edézio. “Nada vai trazer ele de volta, mas saber que aquele homem não está mais solto, e que vai pagar pelo que fez, nos dá um pouco de alívio, um pouco de paz”, disse.
PATRÃO
Em meio ao julgamento, o patrão de Edézio foi ouvido. “Ficou
evidente que o mesmo tinha condições de reconhecer imediatamente o autor do
homicídio, pois mantinha acesso das câmeras em seu celular e sabia que Joel
esteve de madrugada no local e mesmo assim não repassou a informação para
polícia, além de manter contato com Joel repassando informações e dificultando
o retorno de Joel, pois não queria ter prejuízo com retorno do seu caminhão
vazio e determinava ao Joel buscar carga para seu retorno”, afirmou o
assistente de acusação.
O patrão, que chegou a ser preso durante as investigações,
deverá ser julgado por supostamente facilitar a fuga do condenado. A reportagem
não conseguiu contato com a defesa de Joel para comentar a decisão.
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