Ex-funcionários da UPA de Monte Mor estão há 2 meses sem receber rescisões
Demissões ocorreram depois do encerramento do contrato entre prefeitura e Associação Hospital Beneficente Sagrado Coração de Jesus; cerca de 40 trabalhadores ainda esperam por acerto; muitos enfrentam dívidas e problemas de saúde
Cerca de 40 ex-funcionários da Unidade de Pronto Atendimento
(UPA) de Monte Mor completam dois meses sem receber suas verbas rescisórias. As
demissões ocorreram em março, após o encerramento do contrato entre a
prefeitura e a Associação Hospital Beneficente Sagrado Coração de Jesus,
responsável pela gestão da unidade desde 2022. Desde então, os trabalhadores
vivem uma rotina de incertezas, dívidas acumuladas e, em alguns casos, impactos
diretos na saúde.
“Até o momento, não recebi nenhum valor referente à minha
rescisão contratual. Além disso, não tive nenhum posicionamento ou respaldo por
parte da empresa, o que considero uma total falta de respeito e
responsabilidade”, declarou o ex-funcionário Júlio Melo. Ele conta que a
Associação afirma não ter recebido os repasses da prefeitura, mas, até agora,
segundo ele, nenhum dos lados apresentou uma solução concreta.
Outro relato é o da ex-funcionária Márcia Aparecida Garcia.
Ela passa dificuldades após a demissão. “Eles me mandaram embora no dia 25. No
dia 6, não me pagaram. Tenho um empréstimo de R$ 15 mil, estão descontando R$
500 todo mês. Venceram dois empréstimos, meu cheque especial venceu, meu cartão
de crédito venceu. Me deu crise de ansiedade, fui ao psiquiatra, estou tomando
medicação. Estou dopada. Choro toda noite. Não recebi um real sequer para
comprar minhas coisas ou pagar minhas dívidas. Vai fazer dois meses”, lamentou.
Em maio, uma mediação foi realizada por videoconferência
entre representantes da prefeitura, do Ministério Público do Trabalho (MPT), do
Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Campinas e
da Associação Beneficente. No encontro, a Associação alegou que o valor do
repasse municipal foi “congelado”, o que inviabilizou a quitação das obrigações
trabalhistas. A entidade reconheceu a dispensa de 39 trabalhadores e afirmou
ter intenção de pagar os valores de forma parcelada, “mediante repasses a serem
efetuados pela prefeitura”.
Já a Prefeitura de Monte Mor, por sua vez, declarou que os repasses foram realizados de acordo com os valores solicitados pela própria Associação, e que caberia à gestora ter feito a devida provisão para as rescisões. Apesar disso, informou que mantém tratativas com a instituição para viabilizar novos repasses específicos para cobrir os pagamentos devidos aos trabalhadores demitidos. No entanto, segundo relatos de funcionários ouvidos pela reportagem, até o momento nenhuma verba foi repassada aos trabalhadores e não houve nova comunicação oficial sobre o andamento do caso.
Associação diz que prefeitura ficou de efetuar os repasses
A Associação Hospital Beneficente Sagrado Coração de Jesus
informou que, em reunião recente com a Prefeitura de Monte Mor, o SINSAÚDE
(sindicato da categoria) e representantes do hospital, “ficou combinado que a
prefeitura faria o repasse dos valores necessários para que a Associação
pudesse realizar os pagamentos das rescisões dos profissionais que atuaram na
UPA”.
“Esse entendimento foi construído de forma conjunta, com o objetivo de resolver a situação da forma mais justa e rápida possível. Até o momento, ainda não foi confirmada uma data para que o repasse aconteça, mas seguimos em diálogo com a prefeitura, buscando uma solução o quanto antes. Lembramos que esse compromisso já foi tratado também junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), onde a prefeitura já manifestou a mesma intenção de colaborar para viabilizar os pagamentos. Reforçamos que a Associação está empenhada em garantir os direitos de todos e se mantém à disposição para esclarecer qualquer dúvida”, disse, em nota.
A Prefeitura de Monte Mor afirma
que não possui nenhum débito com a Associação.
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