Justiça marca júri de acusado de matar idoso com golpes de enxada em Sumaré
Crime bárbaro ocorrido em setembro de 2023 teve desfecho cruel: idoso foi morto enquanto dormia e corpo foi ocultado em Minas Gerais; acusado será julgado em 17 de julho deste ano e família pede que homem seja culpabilizado
A Justiça de Sumaré marcou para o dia 17 de julho o
julgamento de J. G. N., acusado de assassinar brutalmente o idoso Edézio Tomé
dos Santos, de 75 anos, com 19 golpes de enxada, enquanto a vítima dormia do
lado de fora de sua casa, no Jardim Viel. O crime, que chocou a região pelo
grau de crueldade, ocorreu na madrugada de 27 de setembro de 2023 e resultou
ainda na ocultação do cadáver, que foi abandonado na zona rural de Passos (MG),
a mais de 500 quilômetros do local do assassinato.
A decisão de levar o caso a júri popular é da juíza
Elizabeth Shalders de Oliveira Roxo. O acusado responde por homicídio
triplamente qualificado – por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou
a defesa da vítima –, além de ocultação de cadáver.
Segundo o Ministério Público, o acusado e Edézio se
desentenderam por conta de uma dívida de R$ 2 mil que o idoso teria com o réu.
Edézio trabalhava como caseiro em um estacionamento de caminhões, onde o
acusado também atuava como caminhoneiro. Aproveitando que o idoso dormia do
lado de fora da casa, devido ao forte calor, o homem teria o atacado
violentamente com uma enxada, concentrando os golpes principalmente na cabeça
da vítima. A arma branca chegou a quebrar, e, mesmo assim, o réu teria
continuado as agressões com o cabo do instrumento e, posteriormente, com uma
picareta.
A brutalidade do ataque foi registrada por câmeras de segurança instaladas no local. As imagens, posteriormente apagadas, foram vistas por familiares e pelo patrão, que reconheceram o homem como autor do crime. Após matar Edézio, o acusado ainda teria colocado o corpo na carroceria de seu caminhão e seguiu viagem rumo ao Estado de Minas Gerais, onde faria entregas. No trajeto, parou às margens da rodovia MG-050, em Passos (MG), e ocultou o cadáver em uma área de mata.
A investigação começou como um caso de desaparecimento. A
família de Edézio, desconfiada, entregou à Polícia Civil imagens do circuito
interno de câmeras que mostravam o ataque. A filha da vítima, Regina Tomé dos
Santos, afirmou em depoimento que os próprios familiares do acusado o
reconheceram nas imagens. O corpo do idoso foi localizado dias depois, em
avançado estado de decomposição. O velório só pôde ser realizado 120 dias após
o crime, depois da conclusão dos exames de DNA.
O suspeito foi preso preventivamente em Minas Gerais, após
ser monitorado pela polícia. Em depoimento, confessou o assassinato e revelou o
local onde havia deixado o corpo.
FAMÍLIA AGUARDA O JÚRI COM EXPECTATIVA DE CONDENAÇÃO
A família de Edézio Tomé dos Santos aguarda com ansiedade a
realização do julgamento. A filha da vítima, Regina Tomé dos Santos, representada
pelos advogados assistentes de acusação, Adrian Piranga e Elaine Colicigno,
afirmou que a família está destruída diante da crueldade do crime.
“J. G. desferiu diversos golpes de enxada contra o meu pai,
idoso de 75 anos, enquanto ele dormia. As câmeras de segurança registraram
tudo, inclusive o momento em que o cabo da enxada quebra e o acusado pega uma
picareta para continuar os golpes contra a cabeça do meu pai. Depois, ele
colocou o corpo na carroceria do caminhão e seguiu viagem. Em Passos, Minas
Gerais, parou o veículo e jogou o corpo próximo ao acostamento da rodovia. Isso
é desumano”, desabafou Regina.
Assistente de acusação, advogado Adrian Piranga espera condenação com todo ‘rigor da lei’
O advogado Adrian Piranga reforçou a confiança no
julgamento. “Acreditamos no Conselho de Sentença e esperamos uma condenação com
todo o rigor da lei. O crime foi cometido com requintes de crueldade,
desumanidade e extrema atrocidade contra um idoso indefeso. O acusado
demonstrou total ausência de empatia pela vida humana. Sua liberdade representa
risco à ordem pública, pois não tem condições de viver em sociedade”, declarou.
A razão principal apontada pela Promotoria é motivo torpe,
relacionado à dívida de R$ 2 mil. A acusação sustenta também que o crime foi
cometido com emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
O Ministério Público defende a permanência de J. preso até o julgamento, e a juíza negou o direito do réu de recorrer em liberdade, considerando a gravidade do crime. Com os elementos reunidos na fase de instrução, o processo segue para julgamento pelo Tribunal do Júri, com sessão marcada para o dia 17 de julho de 2025, no Fórum de Sumaré.
Deixe um comentário